Na
infância, quando a personalidade ainda não se formou, a criança precisa de
exemplos, alguns adultos serão um exemplo a não ser seguidos, poucos deles,
passarão a ser um modelo.
Homens e
mulheres de posturas corretas, vão marcar a vida de uma criança e, mais tarde,
serão a referência para o adulto que vai nascer.
Já falei
sobre o costume dos internos do Educandário Dom Duarte, quando se juntavam em
bandos e saíam para a escola.
Ainda
que, não saíssem da calçada, passavam vaiando e rindo de vizinhos.
Sobre os
vizinhos dos arredores também já falei, acaba que eu virei um, quando adulto.
O seu
Alfredo morava na Eiras Garcia, no lado oposto da calçada que os meninos
passavam e, quase sempre, estava capinando, limpando ou plantando um terreno
baldio, mesmo que fosse tempo frio, não usava a camisa, tinha um chapéu de
palha, uma calça social e as botas de Sete léguas.
Mesmo
sendo engraçada a figura do seu Alfredo, os meninos não caçoavam, pelo
contrário, essa figura passava uma profunda admiração.
Em
procissão, os guris, naquele ponto da avenida, deparavam com a figura do seu
Alfredo e gritavam:
_Bom dia,
seu Alfredo.
Dono de
uma simpatia cativante, ele soltava uma das mãos da enxada, segurava a ponta do
chapéu e a forçava para baixo, gritava de volta:
_Bom dia
meninos.
Fora do
terreno, ele passava com um carrinho de mão, onde levava o seu produto para
vender, ou em frente ao bar do Brás ou ao lado da portaria do Educa, onde
passava logo período conversando com o seu Felipe, o porteiro.
Esse
personagem fazia parte da paisagem e, era muito simpático, é claro que os guris
lhe retribuíam a simpatia, agora que olhei a foto dele, me lembrou o Papai Noel
e, bateu saudades do tempo de infância.
Anos
depois, eu, o Celso do 13 e o Zé Almir do 12, estávamos no ponto de ônibus da
portaria do Educa, tínhamos que pegar o buzão da CMTC e, esse demorava muito
para passar, o seu Alfredo vendia o seu produto e sentado na guia, conversava
conosco e ainda nos chamava de meninos.
A certa
altura, disse que ia falar com o porteiro, não o seu Felipe, o seu Deoclécio,
pediu que fizéssemos a gentileza de tomar conta do carrinho, sem problemas.
Se ele
demorou uns 15 minutos, foi o tempo que levamos para vender toda a mercadoria...bom,
ele não nos disse o preço e quando lhe entregamos o dinheiro, tomou um susto,
havia o exato triplo da quantia que ele receberia, se tivesse vendido tudo.
Não deu
para explicar, pois logo chegou o ônibus e embarcamos.
Quando
voltamos ela ainda estava lá, e ficou plantado na portaria por uma semana, até
devolver todo o dinheiro das pessoas que pagaram a mais.
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