Disse que estava lá, na exata hora que o André do 22 foi vitimado, no
entanto, esse é um fato que eu abro mão de narrar.
Só queria ressaltar que ele foi vítima do descaso, de pessoas que
ganhavam dinheiro e não se importavam com a segurança.
O seu Luis cansou de pedir pro Domingão providenciar uma tela que
protegesse as formas de tijolos, dizia sempre que algum guri poderia se
machucar.
Quando a máquina rodava na esteira e soltava o tijolo, deixava sempre
uma pequena rebarba de barro, automaticamente os meninos tiravam essa rebarba,
o próprio seu Luis tinha esse habito, dizia pro Domingão que seria um gasto
insignificante, posto que, o Educa contava com uma serralheria, o diretor parou
de passar na olaria, já que a cobrança do operador da máquina o aborrecia.
Importante também é falar da capacidade do interno de superar as
dificuldades e fazer piadas das piores situações.
Perdeu três dedos o André, na época havia uma propaganda do Vila Rica
que era protagonizada pelo craque Gerson, ele dizia:
_Leve vantagem, apenas sete cruzeirinhos. E mostrava os sete dedos das
mãos.
Um dia, numa aula vaga, chovia e ficamos em sala e fizemos uma brincadeira,
cada um ia de frente ao quadro negro e fazia algo que fosse digno de aplausos.
Uns faziam piadas, outros dançava e cantavam ou faziam mímicas, todo
mundo muito fraquinho... chegou a hora do André, foi à frente e imitou o
Gerson, falou tudo e na hora de dizer o preço, levantou as mãos. Mostrando os
sete dedos restantes.
Arrasou, aprendemos que, a nossa alma é do tamanho que queremos que ela
seja.
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