O Adalberto era um amigo que eu conhecia da Casa de Infância, conhecia ele desde os cinco anos, nos domingos de visita, a mãe dele e do Gilberto, levava sempre lanches a mais, pra mim e pro meu irmão, esse habito continuou no E.D.D, portanto, eu nunca reclamei da falta de visita.
Quando chegamos ao lar 14, pra conseguir respeito, briguei com um dos internos, mas a vida é irônica e, esse desafeto, acabou sendo o meu melhor amigo. No começo, chamavam-no de Maninho pequeno, já que havia o Floriano, que era o maninho grande.Um dia, sem mais nem menos, ele determinou que, daquele momento em diante, seria chamado pelo seu sobrenome e ponto final...ninguém, nem grande e nem pequeno questionou, todo mundo passou a chamá-lo de Viana.
O Adalberto tinha um problema nas pernas, que o impedia de se locomover com facilidade, ele tinha um atestado, o que fazia dele, um, dos únicos dois, dos 45, que não jogavam futebol no 14, o outro era o Sebastião (esse, não era por motivo físico e sim por opção sexual).
Eu e o Viana, às vezes com mais amigos, às vezes com menos amigos, mas sempre nós dois, vivíamos as mais loucas aventuras que dois guris podem viver. Sempre que roubávamos as frutas no Bráulio Silva( o pomar) repartíamos com o Adalberto, que quase não saía das imediações do pavilhão, um dia, só de brincadeira, o Viana sugeriu que devíamos levar o Adalberto conosco um dia, ele imaginou que o outro fosse recusar, por saber da sua condição, no momento que a ideia surgiu, os olhos do Adalberto se ascenderam e, por mais argumentos que jogamos, pra impossibilitar a aventura, nada demoveu a vontade do nosso amigo, se o Viana, que era um guri duro na queda aceitou, imagine eu...o problema é, que se alguma coisa acontecesse com o Adalberto, nossa alma iria arder no inferno.Depois que o Adalberto saiu, combinamos que ele só iria até a cerca e esperaria a gente recolher as frutas e, isso já seria uma aventura e tanto.No dia seguinte, mais ou menos, às 9:00 horas da manhã, estávamos eu, meu velho amigo e meu novo amigo, indo roubar frutas, descemos o caminho da olaria, rumo ao lago, que beirava a mata, que ficava atrás do pomar(toda essa extensão de terra hoje é o CDHU Educandário), enquanto avançávamos, o cansaço do amigo era evidente, o brilho nos olhos aumentava e o Viana ria.
Chegamos à cerca de arame farpado, que limitava o terreno do pomar, subi numa arvore, tinha que saber se a barra estava limpa (isso se chamava "manjar cana") lá, de cima ouvi latidos de cachorros, normal... o vigia possuía dois pastores alemães, que serviam para manter longe os invasores, o lado das mexiricas estava limpo, desci e o Viana já havia entrado, segurava o arame pra eu entrar, fiz sinal pro Adalberto ficar ali mesmo, tirei a camisa de gola rolê, dei nós nos braços e no pescoço, o Viana fez o mesmo, o Adalberto jogou a dele pra mim, coração acelerado...avançamos.Começamos a colher as frutas, enchemos as três camisas, joguei a minha nas costas, o Viana jogou a dele e pegamos a terceira, cada um de um lado e fomos pro lado da cerca, onde o Adalberto estava, quando faltavam uns vinte metros ouvimos os latidos dos cachorros, eles corriam em nossa direção, largamos a camisa do meio, e corremos, cada um com uma.
Não me lembro, como foi que passamos pela cerca, carregando o peso, só sei que corremos muito, na parte de descida, tropecei num galho de arvore e cai, o Viana parou e riu de mim, de repente os risos dele viraram pânico.
_Cadê o Adalberto?
Gelei, só de pensar, foi então que percebemos que os cachorros não latiam mais... silencio total, dava pra ouvir os grilos da mata, apanhei um pedaço de pau e corremos de volta, perto do ponto da cerca, ouvimos a voz do Adalberto, parecia que cantava, apressamos o passo, demos com a cena inacreditável.
O Adalberto estava sentado, os dois cães, deitados, cada um de um lado, enquanto cantava pra eles, os acariciava, ao perceber que nos aproximávamos, os dois rosnaram, o Adalberto fez shhhhhh e eles se acalmaram, ele fez sinal para que voltássemos e pegássemos a camisa que deixamos cair, obedecemos, quando voltamos ele fez sinal para que fossemos na frente e esperássemos por ele.
Coisa de uns 10 minutos ele nos encontrou, não falamos nada no caminho de volta, já era quase noite, na manhã seguinte, o Viana contou pra todo mundo, avisou pra todo mundo que não mexessem com o amigo, pois ele era feiticeiro. No domingo de visitas a família do Adalberto cresceu, a mãe dele teve que trazer a parte que cabia ao Viana também.
Pouco tempo depois ele foi desinternado, sentimos falta do amigo, fomos roubar frutas uma centena de vezes mais, em todas elas, tivemos que correr dos cachorros.
Quando chegamos ao lar 14, pra conseguir respeito, briguei com um dos internos, mas a vida é irônica e, esse desafeto, acabou sendo o meu melhor amigo. No começo, chamavam-no de Maninho pequeno, já que havia o Floriano, que era o maninho grande.Um dia, sem mais nem menos, ele determinou que, daquele momento em diante, seria chamado pelo seu sobrenome e ponto final...ninguém, nem grande e nem pequeno questionou, todo mundo passou a chamá-lo de Viana.
O Adalberto tinha um problema nas pernas, que o impedia de se locomover com facilidade, ele tinha um atestado, o que fazia dele, um, dos únicos dois, dos 45, que não jogavam futebol no 14, o outro era o Sebastião (esse, não era por motivo físico e sim por opção sexual).
Eu e o Viana, às vezes com mais amigos, às vezes com menos amigos, mas sempre nós dois, vivíamos as mais loucas aventuras que dois guris podem viver. Sempre que roubávamos as frutas no Bráulio Silva( o pomar) repartíamos com o Adalberto, que quase não saía das imediações do pavilhão, um dia, só de brincadeira, o Viana sugeriu que devíamos levar o Adalberto conosco um dia, ele imaginou que o outro fosse recusar, por saber da sua condição, no momento que a ideia surgiu, os olhos do Adalberto se ascenderam e, por mais argumentos que jogamos, pra impossibilitar a aventura, nada demoveu a vontade do nosso amigo, se o Viana, que era um guri duro na queda aceitou, imagine eu...o problema é, que se alguma coisa acontecesse com o Adalberto, nossa alma iria arder no inferno.Depois que o Adalberto saiu, combinamos que ele só iria até a cerca e esperaria a gente recolher as frutas e, isso já seria uma aventura e tanto.No dia seguinte, mais ou menos, às 9:00 horas da manhã, estávamos eu, meu velho amigo e meu novo amigo, indo roubar frutas, descemos o caminho da olaria, rumo ao lago, que beirava a mata, que ficava atrás do pomar(toda essa extensão de terra hoje é o CDHU Educandário), enquanto avançávamos, o cansaço do amigo era evidente, o brilho nos olhos aumentava e o Viana ria.
Chegamos à cerca de arame farpado, que limitava o terreno do pomar, subi numa arvore, tinha que saber se a barra estava limpa (isso se chamava "manjar cana") lá, de cima ouvi latidos de cachorros, normal... o vigia possuía dois pastores alemães, que serviam para manter longe os invasores, o lado das mexiricas estava limpo, desci e o Viana já havia entrado, segurava o arame pra eu entrar, fiz sinal pro Adalberto ficar ali mesmo, tirei a camisa de gola rolê, dei nós nos braços e no pescoço, o Viana fez o mesmo, o Adalberto jogou a dele pra mim, coração acelerado...avançamos.Começamos a colher as frutas, enchemos as três camisas, joguei a minha nas costas, o Viana jogou a dele e pegamos a terceira, cada um de um lado e fomos pro lado da cerca, onde o Adalberto estava, quando faltavam uns vinte metros ouvimos os latidos dos cachorros, eles corriam em nossa direção, largamos a camisa do meio, e corremos, cada um com uma.
Não me lembro, como foi que passamos pela cerca, carregando o peso, só sei que corremos muito, na parte de descida, tropecei num galho de arvore e cai, o Viana parou e riu de mim, de repente os risos dele viraram pânico.
_Cadê o Adalberto?
Gelei, só de pensar, foi então que percebemos que os cachorros não latiam mais... silencio total, dava pra ouvir os grilos da mata, apanhei um pedaço de pau e corremos de volta, perto do ponto da cerca, ouvimos a voz do Adalberto, parecia que cantava, apressamos o passo, demos com a cena inacreditável.
O Adalberto estava sentado, os dois cães, deitados, cada um de um lado, enquanto cantava pra eles, os acariciava, ao perceber que nos aproximávamos, os dois rosnaram, o Adalberto fez shhhhhh e eles se acalmaram, ele fez sinal para que voltássemos e pegássemos a camisa que deixamos cair, obedecemos, quando voltamos ele fez sinal para que fossemos na frente e esperássemos por ele.
Coisa de uns 10 minutos ele nos encontrou, não falamos nada no caminho de volta, já era quase noite, na manhã seguinte, o Viana contou pra todo mundo, avisou pra todo mundo que não mexessem com o amigo, pois ele era feiticeiro. No domingo de visitas a família do Adalberto cresceu, a mãe dele teve que trazer a parte que cabia ao Viana também.
Pouco tempo depois ele foi desinternado, sentimos falta do amigo, fomos roubar frutas uma centena de vezes mais, em todas elas, tivemos que correr dos cachorros.
os dois amigos que viveram essa aventura, no ano de 1977, tiveram morte violenta.
ResponderExcluirO Adalberto foi atingido por uma bala perdida, em sua casa, no Cambuci-SP (1980).
O José Augusto Viana, morreu numa troca de tiro com policiais, na bar do Klebão, no Jd São Jorge(1983).