quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Turquinho


Uma das figuras mais divertidas, entre os funcionários do EDD, era o baixinho que atendia pela alcunha de Turquinho, mas se perguntasse o nome verdadeiro, ele respondia, sem pestanejar :
_Emílio Xavier das Mulheres.
No tempo da olaria, quando estávamos recolhendo os tijolos, recem saídos da maquina, dava pra vê-lo, num plano mais alto, jogando terra na esteira, seu serviço era abastecer a máquina, o nosso era recolher e levar pra secar o produto.
Sua figura desafiava o tempo, apesar de estarmos no fim dos anos 70, ele trajava roupas dos anos 50, media pouco mais que 1 metro e meio, tinha óculos fundo de garrafas, que faziam seus olhos estatelarem, camisa social quadriculada e calças com pregas e como o oficio exigia, ele dispensava os sapatos de bico fino, pra usar uma botina meia sola...de quando em quando parava o exercício e lentamente enfiava a mão no bolso traseiro da calça cinza, pegava o lenço, daqueles com bordado especial, tirava o chapéu de feltro e enxugava a cabeça calva, passava o mesmo lenço nos olhos e o guardava, num gesto automático, enfiava a mão no bolso da frente e retirava um gordo relógio de mão, dava 2 toque, com as pontas das unhas e tornava a guardá-lo.
Nessa hora, todo mundo sabia que faltavam alguns minutos pro intervalo ou pro almoço.
Quando era o caso de intervalo, eu e o Lucídio, pegávamos o lanche e subíamos pra ficar com ele, lá em cima.Corinthiano do tempo do Centenário, costumava falar a escalação de 54, do goleiro ao ponta esquerda, os reservas e a comissão técnica...tudo que um fanático torcedor de arquibancadas, guarda na memória, inclusive as lendas.
Muitos anos depois, eu e meu amigo Viana, já nos tempos de bailes, costumávamos vê-lo, numa casa de má reputação da Fradique Coutinho, quando nos via, ele soltava o bordão que o fez popular:
_Mas, é MENOR.

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