quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Seu Alones(continuação)


Durante a minha estada na instituição, conheci amigos que tinham uma conduta louvável, teve até amigos meus, que seguiram, por merecimento a vida serena do sacerdócio, esses meninos relevariam o fato e aceitavam que lhe chamassem a atenção em quadra e certamente relavariam o acontecido.Eu não possuía esse perfil, não vou dizer que era o próprio demônio, longe disso, eu era do outro tipo de guri, daquele tipo que, vai à forra, anos mais tarde a Lourdes, coordenadora pedagógica da escola Luis Elias Attiê me chamou de dum-dum, fazendo alusão à munição, segundo ela, eu era, do mais dos inteligentes e dos piores em comportamento, ou seja, depois do impacto, havia a explosão.Cumprimentando o seu Alones, no dia seguinte, eu já estava maquinando minha vingança, ainda que não fizesse a menor ideia de como seria, eu ia me vingar, ah, isso ia.
Por um tempo a coisa esfriou, começou a temporada de olimpíadas estudantis e o capitão Pazelli me convocou pros 800 metros e, eu nunca fui um atleta muito bom, a rotina de exercício físico me exauria, na hora do racha eu não tinha pernas, só sentava no barranco e assistia a peleja.
Nessa época o amigo mais chegado era o Valdevino, esse, via a vida dum jeito diferente do meu, sabe aquele trecho dos Racionais?(tipo, linha de frente em qualquer lugar)isso mesmo, o tipo que não leva desaforo pra casa, adultos ou não, ele enfrentava.Saímos do treino, no campão e ficamos ali pra ver o racha, havia um fosso, ao lado do campão, na lateral esquerda, logo acima ficavam as quadras, num plano superior, o que separa as quadras do fosso era uma cerca viva, entre as pequenas arvores haviam dois espaços, se a bola descesse, ia-se nesse espaços e pulava-se, pra buscar a bola, na maioria das vezes, a bola batia na cerca e voltava pra quadra, do lado direito das quadras havia um barranco, que levava ao campo de cima, nesse barranco, ficava a torcida do futsal, ou quem esperava pra entrar no jogo.Ficamos ali, por faltar um jogador, olharam em nossa direção, falei que não queria, o Valdevino pediu pra entrar, entrou no time contra o seu Alones, começou o jogo, o time que o Valdevino entrou era melhor, portanto, já começou com vantagem no placar, todo mundo na quadra era adulto, menos o neguinho, e tem uma coisa que sempre se podia contar na personalidade do Valdevino, ele era muito abusado, diante da vantagem no placar, ele começou a fazer jogadas de efeitos, dessas que se faz pra humilhar o perdedor, tocava de calcanhar e passava o pé em cima da bola, é claro que foi repreendido pelo seu Alones, deu-lhe uma cotovelada no rosto, em sinal de aviso e, como se dizia na época:_O diabo atenta.O neguinho meteu-lhe a bola entre as pernas, todos riram, seu Alones ficou vermelho, eu não ri, já antevia o final da historia, mas o neguinho não ia me ouvir, fiquei quieto.
Nessa época, lateral era cobrado com a mão, o Amaral arremessou e o neguinho completou de cabeça, ia rindo, levar a bola pro reinício de jogo, no meio do caminho tomou uma cotovelada, advinha de quem?
Jogo reiniciado, agora ele fazia macaquices com a bola, não deu outra, foi atingido, de carrinho, na lateral da quadra, tumulto, ele quis revidar, foi contido, a turma do deixa disso apaziguou, sem condições físicas ele teve que sair, olharam pra mim, nesse altura eu já estava preparado pra me vingar e me ofereci, pra substituir o amigo.Faz parte do jogo, essa coisa da intimidação, não levei em consideração, o fato de ouvir que, se eu faltasse com o respeito teria o mesmo fim, na verdade, eu nem dei atenção, estava concentrado num plano e com o amigo assistindo, eu tinha o plano perfeito nas mãos.Como não prometi nada, minha primeira jogada foi de efeito, recebi a bola, ameacei bater com força, parei e toquei de calcanhar, olhei pro seu Alones e ele bufava de raiva, fui pra lateral e pedi a bola, estava na reta da falha da cerca viva, gritei para que ma dessem a bola, recebi-a, parei e passei o pé em cima dela, súbito, ouvi os passos que vinham em minha direção, deu pra ouvir-lhe a respiração pesada, no último segundo pulei pra traz.Ele vinha com tanta vontade de atingir-me em cheio, que esqueceu a lei de Newton e, por não ter um corpo para interrompeu o trajeto do dele, precipitou em direção da cerca, no espaço aberto, seu corpo continuou e só parou dentro do fosso, todos correram para ver, dentro da valeta ele se debatia, todo sujo e cuspindo um negocio verde, que parecia algas.
No dia seguinte cumprimentei-o, mas, nunca mais joguei naquela quadra.
Seu Alones(continuação)
  Durante a minha estada na instituição, conheci amigos que tinham uma conduta louvável, teve atá amigos meus, que seguiram, por merecimento a vida serena do sacerdócio, esses meninos relevariam o fato e aceitavam que lhe chamassem a atenção em quadra e certamente relavariam o acontecido.Eu  não possuía esse perfil, não vou dizer que era o próprio demônio, longe disso, eu era do outro tipo de guri, daquele tipo que, vai à forra, anos mais tarde a Lourdes, coordenadora pedagógica da escola Luis Elias Attiê me chamou de dum-dum, fazendo alusão à munição, segundo ela, eu era, do mais dos inteligentes e dos piores em comportamento, ou seja, depois do impacto, havia a explosão.Cumprimentando o seu Alones, no dia seguinte, eu já estava maquinando minha vingança, ainda que não fizesse a menor ideia de como seria, eu ia me vingar, ah, isso ia.
 Por um tempo a coisa esfriou, começou a temporada de olimpíadas estudantis e o capitão Pazelli me convocou pros 800 metros e, eu nunca fui um atleta muito bom, a rotina de exercício físico me exauria, na hora do racha eu não tinha pernas, só sentava no barranco e assistia a peleja.
  Nessa época o amigo mais chegado era o Valdevino, esse, via a vida dum jeito diferente do meu, sabe aquele trecho dos Racionais?(tipo, linha de frente em qualquer lugar)isso mesmo, o tipo que não leva desaforo pra casa, adultos ou não, ele enfrentava.Saímos do treino, no campão e ficamos ali pra ver o racha, havia um fosso, ao lado do campão, na lateral esquerda, logo acima ficavam as quadras, num plano superior, o que separa as quadras do fosso era uma cerca viva, entre as pequenas arvores haviam dois espaços, se a bola descesse, ia-se nesse espaços e pulava-se, pra buscar a bola, na maioria das vezes, a bola batia na cerca e voltava pra quadra, do lado direito das quadras havia um barranco, que levava ao campo de cima, nesse barranco, ficava a torcida do futsal, ou quem esperava pra entrar no jogo.Ficamos ali, por faltar um jogador, olharam em nossa direção, falei que não queria, o Viana pediu pra entrar, entrou no time contra o seu Alones, começou o jogo, o time que o Valdevino entrou era melhor, portanto, já começou com vantagem no placar, todo mundo na quadra era adulto, menos o neguinho, e tem uma coisa que sempre se podia contar na personalidade do Valdevino, ele era muito abusado, diante da vantagem no placar, ele começou a fazer jogadas de efeitos, dessas que se faz pra humilhar o perdedor, tocava de calcanhar e passava o pé em cima da bola, é claro que foi repreendido pelo seu Alones, deu-lhe uma cotovelada no rosto, em sinal de aviso e, como se dizia na época:_O diabo atenta.O neguinho meteu-lhe a bola entre as pernas, todos riram, seu Alones ficou vermelho, eu não ri, já antevia o final da historia, mas o Viana não ia me ouvir, fiquei quieto.
  Nessa época, lateral era cobrado com a mão, o Amaral arremessou e o Viana completou de cabeça, ia rindo, levar a bola pro reinício de jogo, no meio do caminho tomou uma cotovelada, advinha de quem?
  Jogo reiniciado, agora ele fazia macaquices com a bola, não deu outra, foi atingido, de carrinho, na lateral da quadra, tumulto, ele quis revidar, foi contido, a turma do deixa disso apaziguou, sem condições físicas ele teve que sair, olharam pra mim, nesse altura eu já estava preparado pra me vingar e me ofereci, pra substituir o amigo.Faz parte do jogo, essa coisa da intimidação, não levei em consideração, o fato de ouvir que, se eu faltasse com o respeito teria o mesmo fim, na verdade, eu nem dei atenção, estava concentrado num plano e com o amigo assistindo, eu tinha o plano perfeito nas mãos.Como não prometi nada, minha primeira jogada foi de efeito, recebi a bola, ameacei bater com força, parei e toquei de calcanhar, olhei pro seu Alones e ele bufava de raiva, fui pra lateral e pedi a bola, estava na reta da falha da cerca viva, gritei para que ma dessem a bola, recebi-a, parei e passei o pé em cima dela, súbito, ouvi os passos que vinham em minha direção, deu pra ouvir-lhe a respiração pesada, no último segundo pulei pra traz.Ele vinha com tanta vontade de atingir-me em cheio, que esqueceu a lei de Newton e, por não ter um corpo para interrompeu o trajeto do dele, precipitou em direção da cerca, no espaço aberto, seu corpo continuou e só parou dentro do fosso, todos correram para ver, dentro da valeta ele se debatia, todo sujo e cuspindo um negocio verde, que parecia algas.
  No dia seguinte cumprimentei-o, mas nunca mais joguei na quadra.

A festa da Liga



Era um evento, que acontecia sempre na última semana de cada ano e servia pra unir, em comemoração os 2 colégios administrados pela Liga das Senhoras Católicas, faziam-se apresentações de coral, teatro e a fanfarra e encerrava-se sempre com o "bode". um saco tamanho família, que continha doces e brinquedos.Servia, tambêm como rito de passagem para os meninos da Casa de Infância do Menino Jesus, que passavam a conhecer de perto, onde iriam passar a viver.
Como eu, todos os meninos, que vinham da C.I.M.J tinham dificuldades em encarar a nova realidade, pois eles vinham de um colégio administrado por freiras, por consequência, acabavam sendo as vítimas prediletas no Bullings, onde impera a lei do mais forte, o que vacila é perdedor.O que explica o fato de esses meninos ficarem sempre juntos.
Sempre foi assim, mas na festa de 1976, a coisa piorou de vez, logo na minha vez.
Havia na Casa da Infância, um freira espanhola, de nome Lourdes que, empolgada com os musicais progressistas da Broadway, resolveu que naquele ano, os meninos iam apresentar uma peça, ao invés do habitual coral de sempre.
Ah, ainda me lembro dos ensaios, o negócio seria...tipo HAIR, tudo colorido, musicado e tudo mais.Se tem uma coisa que um guri não precisa, quando está pra entrar no inferno, é, por em dúvidas, a sua sexualidade, foi por conta disso, que eu disse, pra santa madre Lourdes que, por dinheiro nenhum no mundo, eu ia entrar num palco, vestido em meias calças.
Na sua inocência, a freira achou que nos ajudava, eu estava nas cadeiras, do teatro, quando meus amigos passaram, em direção ao palco, fiquei com tanta vergonha quanto eles, a peça foi uma vaia só, do início ao fim.
Em Fevereiro de 1977, o carro da C.I.M.J, deixou eu, o meu irmão Nilson Victorino, o Sebastião, o Helio, os irmãos Adalberto e Gilberto Camargo e o Luis Sergio, em frente ao pavilhão 14, enquanto estávamos na fila da rouparia, os meninos, já se perguntavam, quais de nós, haviam dançado na Festa da Liga.

domingo, 6 de outubro de 2013

Seu Alones


Quando guri, trabalhei na olaria, trabalho duro pra uma criança, mas dava um dinheirinho.Num belo dia apareceu por lá, a comissão de direitos humanos da OAB e ficou caracterizado como trabalho escravo, lacraram tudo.Fui trabalhar na administração trabalho de escritório, lá trabalhavam 3 ex-internos: O seu Reginaldo, o seu Alones e o seu Tinoco, eu fui designado pra ser o auxiliar do seu Tinoco que era o mais velho deles, um contador à moda antiga, (daqueles mesmo de livro-caixa, lápis preto e polainas), era mal humorado e ainda usava roupas do tempo do império.
O fato de ele ser octogenário e ter a coluna um tanto arqueada , enganava os meninos desavisados, olhavam-no e achavam que poderiam tirar farinha, ledo engano, diante de meninos bagunceiros, ele se movia com extrema habilidade e a mão era pesada, vira e mexe, algum guri tomava um tapão na orelha.
Eu me dava muito bem com ele, ainda que muitas vezes, eu o fizesse chegar ao extremo de arfar de raiva, por ser contrário às suas opiniões, foi com ele que eu descobri o local exato, onde as tropas de Getúlio Vargas, que vieram do Paraná, passaram e surpreenderam o destacamento de Pinheiros, no inverno de 1931.
Mas, isso é outra historia, eu vou contar uma, sobre o seu Alones, que diferente do seu companheiro, era mais moderno, sabia usar uma máquina de escrever elétrica e sorria o tempo todo, apesar de ter uma cabeleira branca, era ligeiro e amistoso(tipo de gente que, hoje em dia é chamado de sangue bom)De fato, não havia quem não gostasse dele, até porque, toda tarde, depois do expediente, só havia um lugar pra encontrar o praça.Muito da energia e ligeireza do atlético senhor era devido à sua excepcional forma física, ele tinha, por habito, bater bola. Entre o campão e o campo de cima, havia uma faixa de terreno, de terra vermelha batida, onde todas as tardes, os funcionários jogavam futsal.
Todas as tardes, todos os dias, tinha jogo naquela quadra, geralmente, era entre os funcionário, as partidas, se faltasse alguém, completava-se com algum interno, mas ele nunca faltava, podia-se sempre contar que, às 16:00 horas você ia vê-lo sair da pensão, em direção da quadra, com seu indefectível calção branco com listras vermelhas nas laterais, todo santo dia, sem falta.
Ali, na quadra de terra,acontecia uma metamorfose...aquele cara boa praça, sempre que começava um "racha", ele virava um bicho.
Tem gente que é assim, entre no jogo e vira outro, deixa de uma pessoa de bons modos e quer ganhar à qualquer custo e, ele passa a ser uma pessoa odiosa, o seu Alones era assim, xingava, esbravejava e, batia até na própria mãe, se necessário, pra ganhar um jogo.Um dia, eu cai na besteira de aceitar o convite, entrei no jogo, na vaga que faltava, fiquei no time dele e, é claro, perdemos o jogo.O homem só faltou me fuzilar, me disse todos os palavrõ
es do mundo e ameaçou me capar e, por incrível que pareça, a falha, que resultou na derrota, foi ele, quem cometeu e...dizer o que ? eu era o único menor no jogo e o cara, ainda por cima, era meu chefe.A vontade de mandá-lo às favas vinha, mas, eu sabia que aquilo era momentâneo, ao passar 5 minutos, o sangue esfriava e ele voltava a ser o cara de sempre.
No dia seguinte me cumprimentou pela manhã, como se não tivesse acontecido nada.
CONTINUA.