sexta-feira, 29 de julho de 2016

O gêmeo do mal


Em dias de verão, pelas tardinhas, o sol pintava com um amarelo vivo, o céu, por cima da mata da olaria 
Assim, os nossos dias eram coloridos e, não importava a condição de órfão, eu nunca estive sozinho na vida, tinha os amigos e alguns eram como irmãos, tinha meus autores e minhas canções, por vezes se misturavam o Guimarães Rosa e o Bituca e o meu viver a infância ia mesmo tomando jeito de literatura, literatura cantada.
Ainda guardava, da infância, o Belchior e o Casimiro de Abreu, esses nunca saíram da parede da memória, ao passo que eu crescia, outros gênios se juntaram à galeria, nomes novos para compor a sinfonia da minha vida, feito Beto Guedes e Érico Veríssimo.
No entanto, minha cultura não me fazia retraído ou tímido...jogava futebol, rodava pião, roubava frutas no pomar, pulava sela e enrustia bananas...feito todo índio do Educa.
Quando chegou a adolescência, um mundo novo sê-nos mostrou e, nos arrastou em seu redemoinho.
Esse mundo novo, se mostrava muito mais drástico e complexo, exigia respostas rápidas e atitudes firmes, num sentido mais amplo, a mesma cena que trazia o doce colo de uma mulher, podia ser precedida pela trajetória de um tiro em sua direção.
E nessa nova cena, o prazer do sexo vinha acompanhado do perigo eminente e, eles são parceiros antigos.
Primeiro, para acabar de vez com essa coisa de achar que um raio nunca cai duas vezes na mesma arvore, vou contar da Casa da Infância, por lá eu já havia me deparado com um sósia, o seu nome era Delevado... pessoas com o mesmo corpo, rosto. Tudo idêntico a você, são até comuns de acontecer, no entanto, a probabilidade dessas pessoas se encontrarem é muito remota, de estarem no mesmo país, na mesma cidade, no mesmo bairro...na mesma casa então...
Ainda que o Delevado fosse uns dois anos mais velho, nos divertíamos com isso, por vezes, ele ficava de castigo por mim e vice-versa, todos achavam que se tratava de gêmeos, o raio havia atingido a minha arvore uma primeira vez.
Quando passamos a curtir os bailes, eu já havia completado os quatorze verões e tinha uma dívida com o sexo oposto, por esse tempo eu devorava tudo o que se seguia em minha reta, não precisava ser bonita, se tivesse um corpo mais ou menos...o jacaré virava bolsa, paguei com juros e correções monetárias.
A Beth já havia comemorado seus vinte e quatro anos, quando me viu num baile na Santa Bárbara, entre os "Neguinhos do Educa', disse que foi tomada de um inexplicável amor à primeira vista, me soou meio brega isso, mas relevei, uma pessoa com mais dez anos da minha idade, era bem provável que soubesse muito da matéria que me interessava nessa época, o sexo.
Ficamos e saímos pelas madrugadas e com o tempo fui descobrindo fatos de sua vida, que já era mãe e já havia tido uma união estável, a separação se deu por conta de seu cônjuge ter se tornado traficante, aliás, no começo dos anos 80, essas pessoas eram chamadas de contrabandistas.
Ah, o dito cujo fazia parte da gangue do Pivete, aquela turma que apavorava toda a vizinhança por esse tempo.
Num baile na favela do Uirapuru, me foi apresentado o ex da moça, assim que lhe apertei a mão, tomei um susto, ele também se assustou e juntos, demos um passo para trás....O raio havia caído de novo.
Foi como se eu me visse no espelho, os meus amigos e os amigos dele esfregaram os olhos e a Beth ria.
Um silêncio se fez, ficamos a nos olhar, pasmos e aturdidos...absolutamente tudo igual, até a altura.
_Prazer, Adir.
_Prazer, Niltão.
_Que doideira.
_Cara, você é bonito.
Se eu não dissesse uma besteira dessas, acabaria perdendo a minha identidade, as mais de 50 pessoas que estavam a ver a cena, contorceram-se de rir.
Então, como nem tudo na vida são flores, passei a ficar com medo de passear pelo João XXIII, numa dessas vai que...
Porém o medo não era tanto que pudesse me esquecer da satisfação dos carinhos da Beth e, é claro, continuei saindo com ela. Conheci o pai dela, um trabalhador que saía de madrugada para trabalhar no Metrô, foi difícil colocar na cabeça dele que eu não era o Adir, aquele sujeito, que na cabeça dele, havia levado a sua filha para o mau caminho.
Era de praxe, terminada a noitada, levávamos as moças para casa delas, somente quando a última era entregue, seguíamos para o pavilhão, todo o bando junto.
De frente do Attiê, existia um bar, ao lado desse, uma rua principiava uma queda e se descia para uma várzea, essa rua seguia até um escadão murado, que dava na rua Santa Bárbara, a Beth morava ali e era a última mina a ser entregue, o bando todo ficaria ao pé do escadão e eu levaria a moça em casa, uns beijinhos, umas afofadas e ia embora, tranquilo e calmo.
Depois dos beijos e carinhos, desci o escadão, os amigos estavam em frente ao posto de madeira, ouvi gritos nas minhas costas e me virei.
Era o pai da moça, eram umas 6 horas e o sol ainda não havia se apresentado, por conta disso, demorei a perceber o que ele trazia na mão direita, os amigos sumiram numa corrida e adivinhando o que ele carregava, apressei o passo.
Ele estava caindo de bêbado e gritava palavras desconexas, só se entendia que ele falava o nome do Adir.
Eu já corria, quando enfim entendi o que ele falava:
_Adir, seu filho da puta...vou beber o teu sangue.
Naquele corredor fechado o barulho do tiro foi ensurdecedor, quando dobrei a esquina, o tiro estraçalhou no poste de madeira, menos de um dedo do meu nariz, ganhei a rua e encontrei os amigos no Atite, mais dois tiros foram deflagrados e ele ainda gritava.
Na volta para o Educa, jurei que nunca mais ia para nenhum baile, aquilo era muito perigoso...no sábado seguinte, o Paulo fazia o melhor de todos os bailes da região, na hora da lenta beijei a boca da menina que eu nem conhecia e agradeci a Deus pela linda juventude.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

1¤ Dia de aula no EDD por Juliana Rodrigues


Em meados de 89 fui estudar no Educandário Dom Duarte, escola nova, pessoas novas, amizades novas e como já estava acostumada a essa rotina anual, pois a cada ano mudavamos de casa , bairro e escola, o jeito era se adaptar como sempre fazíamos.
Lembro que no primeiro dia de aula estava temerosa, pois seria a primeira vez que nao iria estudar na mesma sala que a minha irmã, porque o Educandário tinha uma política: " irmãos não podiam estudar na mesma sala". Ao chegarmos lá, tivemos o conhecimento que alunos de fora estudavam junto com os internos.
Ao dar o sinal para entrar na sala de aula, me despedi da minha irmã e me dirigir a minha respectiva sala, e ao chegar na porta da sala me vi em uma sala com aproximadamente 30 alunos!!! Até aí tudo bem, porém desses 35 alunos, TODOS eram meninos!!!! Isso mesmo!! Eu , uma unica menina, fui parar em uma sala de aula só de meninos!!!
Ao entrar na sala meio desconfiada, os meninos gentilmente me concederam uma carteira bem no centro da sala. Quando eu sentei, todos eles gritaram:
--- COMIDAAAAA!!!!!!
Entrei em pânico!!! Segurei o choro!!!
A professora Heloísa de Português, que tinha acabado de entrar para dar a aula, viu meu desespero, pegou na minha mão e me levou para a diretoria onde ela teve que brigar para mudar de sala, pois a diretora (que não lembro o nome) encontrava-se irredutível, afinal eu nao poderia estudar junto com a minha irmã!
--- Não tem cabimento dessa menina estudar naquela sala! Onde já se viu? 40 meninos e só ela de menina?? Não pode!! - disse a professora em minha defesa.
O bate boca acabou em meu favor, fui transferida para outra sala, e escapei do meu sufoco!!!
Kkkkkkkk...agora dou risada, mas esse dia ficou marcado em minhas memórias, junto com outras que vivi no inesquecível Educandário.

Os internos debilóides por Angela Sales Camargo Victorino

O ano era 1978, eu e minha família havíamos nos mudado para o Educandário no ano anterior, o qual eu ficara sem poder estudar, pois já não havia como ingressar na escola pelo fato de já estar no meio do ano letivo. Somente no ano seguinte é que minha mãe conseguiu me matricular na EEPG Luiz Elias Attiê.
Eu não sabia que a escola era composta em sua grande maioria por internos do Educandário Dom Duarte Duarte, mas minha mãe achou que seria bom para mim, por ser mais próxima de minha casa.
Eu era muito tímida e qualquer coisa me constrangia, então não sabia o que me esperava no primeiro dia de aula, tinha muita dificuldade em me relacionar com outras pessoas e muito medo do desconhecido.
No primeiro dia de aula, eu fui alertada quanto aos meninos do EDD, mas que se eu tivesse algum problema que fosse falar com a Coordenadora, qual foi a minha surpresa no meu primeiro dia de aula? 
Conheci os dois internos mais doidos que poderia ver nos meus 11 anos de idade. Eram eles debochados e totalmente sem respeito às pessoas que estavam ao seu redor.
Assim que eles entraram na sala de aula, começou o alvoroço, era carteiras sendo jogada contra a parede, bolinha de papel assoprada no tubo da caneta esferográfica grudado nos meus cabelos e muitos palavrões que eu nunca tinha ouvido em minha pouca existência de vida.
Isso tudo no meu primeiro dia de aula, não bastasse o bulyng sofrido por ser uma das poucas meninas em sala, ainda tive que assistir o mais doido dos internos chamar a professora de negra e outros nomes horríveis de ser ouvido e pronunciado por um garoto. 
Pensem no meu desespero, queria sair correndo da escola, mas tive que ficar até o final da aula sem saber como seria o dia seguinte. Consegui ficar no Attiê exatos quatro dias insuportáveis. 
Quando cheguei em casa disse para minha mãe que naquela escola eu não estudava mais e expliquei o que acontecia na sala de aula por causa desses dois internos.
Minha mãe chegou a ir ao Attiê conversar com a Diretora, mas ela recomendou a minha mãe que me transferisse de escola porque eu não tinha o perfil para aguentar os internos do EDD.
Foi exatamente o que ela fez me mudou para a Guiomar Rocha Rinaldi, aí sim eu consegui continuar os meus estudos, sem a pressão psicológica dos demônios do Educandário Dom Duarte, por assim se comportarem esses dois malucos. 
Fiquei surpresa anos depois, em 1980 ao saber que os dois malucos eram amigos do meu namorado Nilton.
Quando eu e o Nilton Já estávamos namorando, os dois malucos em questão foram me apresentados formalmente por ele como Mattioli do 20 e Djalma do 15, eles nem se lembravam de que eu havia passado pelo terror de estudarmos na mesma sala de aula.
Hoje relembrando o fato eu sinto saudades desses déb. e lóid, pois acabamos por nos tornamos amigos e o passar dos anos e a vinda nossa para a Bahia fez com que perdêssemos o contato, principalmente do Edilson Mattioli, há 13 anos não consigo reencontrar esse grande amigo a quem meus filhos chamam de tio, e se por um acaso alguém souber notícias, por favor, digam a ele que nós o amamos muito.

As fotos de Karina Santos













As fotos de Alessandra Zaffani.















Os Neguinhos do Educa.


Nos anos 80 veio-nos a paixão pela música e, era uma música tão boa que ela perdura até os dias de hoje, as grandes gravadoras massificaram um estilo dançante, se a Disco havia capturado o coração da classe média, o Funk caiu feito uma luva e acertou em cheio o povo da periferia, na periferia se juntou ao Partido Alto e ao Samba de Raiz e deu uma trilha sonora bem particular.
O grosso desse material, era importado e, não tocava nas rádios, inéditas mesmo, só as equipes de som podiam comprar, curtir salão tinha um preço salgado, alguns moradores da periferia passaram a acumular LPs e a fazer os bailes em casa...abriam as portas de suas casas e davam a qualquer um amante do Funk, o prazer de curtir o som.
Alguns desses verdadeiros difundidores dessa música se fizeram tão bons que, eram obrigados a dar bailes em quase todos os finais de semana e algumas sedes de comunidades cobravam ingressos desse público, que crescia ferozmente.
O chefe do 22 era o Paulo Palaia, um tipo diferente de larista que sabia conversar com os adolescentes e os tratava com o respeito que eles mereciam.
Do começo da Vila Borges ao final do Jd João XXIII, todo esse extenso raio de terra eram domínios dos "Neguinhos do Educa".
Essa designação nos foi dada pelas meninas e, é sobre algumas delas que vou falar, algumas eu vou trocar o nome, haja visto que são agora respeitáveis senhoras de família, algumas até, avós.
A Selma era mais conhecida como Neguinha, cabeleira Black Power e esquia, usava como perfume a essência de patchuli, curtia muito de Betty White e sabia cantar todas as suas músicas, na hora da lenta, quem a tinha nas mãos, podia ouvi-la cantando e gritando em seus ouvidos a linda melodia "Tonight is the Night".
Sobre ela, o Viana dizia:
_São três, os prazeres de dançar com a Neguinha.... Tê-la rebolando em seu corpo, gemendo aos ouvidos e sentindo o cheiro da erva.
A Eliana era filha de pais evangélicos e seu quarto ficava na parte de cima da laje da casa, lá para as 21 horas, íamos ao beco que ficava no fundo da casa dela e a ajudávamos a descer da laje, ali mesmo ela se trocava e fazia a maquiagem no caminho.
Apesar de ser dotada de uma beleza estonteante, os meninos tinham um certo medo dela e nunca ficou com ninguém do bando. Ao final da caminhada, lá pela madrugada, levávamos ela para o beco e a ajudávamos escalar de volta.
A Mari Selma era completamente desvairada, bonita também, só que ao ingerir uma gota de bebida alcoólica deixava de ser uma princesa e se transformava na bruxa do Oeste, era a caçula de 4 irmãos vindos de Pernambuco, hábeis manejadores de peixeiras, que juraram inimizade eterna aos "Neguinhos do Educa".
A Carminha havia sido a esposa do Pivete, famigerado bandido do Jd Amaralina, que se dizia o dono das redondezas, havia tido dois filhos com o dito cujo e esses ficavam aos cuidados dos avós, enquanto ela saía para se divertir em nosso bando. Por vezes, o Pivete enchia a sua Kombi de comparsas e saía cheio de armas à captura de sua propriedade, mas achar-nos, na madrugada era quase impossível, então o Zóinho se deleitava.
Como se pode ver, algumas dessas meninas tornavam o rolê um perigo constante, as madrugadas eram coloridas e eu nem falei da polícia, cerca de quatro gerais por noite.
Mas vivíamos um momento mágico, um momento na história que jamais se repetiria, esses bailes feitos em casa eram uma manifestação de cultura e comunidade, íamos a todos eles com um prazer imenso, em alguns éramos tratados como celebridades, alguns só começavam com a nossa presença e, quanto mais entrávamos nas favelas, quanto mais humilde a sala, maior era a recepção, a batida do Funk ecoava mais limpa quando repercutiam em paredes de Madeirit.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

A promessa.


Já disse várias vezes que, fui criado por mulheres, muitas mulheres, sem ter a parte paterna na minha criação, fui meu próprio pai.
Contrariando o que as pessoas pensam, meninos criados por mulheres não são efeminados, esses são meninos criados pela avó ou por mães solteiras.
Meninos que são criados por várias mulheres são profundos respeitadores do sexo frágil, tornam-se cavalheiros e as defendem com unhas e garras, são capazes de enfrentar um batalhão sozinhos e só se ajoelharam diante de uma mulher, sem a velha lengalenga de se qualificar como hetero, na cabeça dele, Deus fez a mulher com o seu material, do resto veio ele.
Se na infância, a bola nos regia e nos mantinha unidos, na adolescência descobrimos o encanto das meninas, seu perfume e seus lábios carnudos.
Deixamos de ser gladiadores e nos tornamos amantes, as meninas vinham de séculos de repressão e, no início da década de 80, a represa se rompeu de vez, todo simples rolê acabava em sexo...podem perguntar, se não me acreditam.
Os moleques do pavilhão 22, principalmente às segundas-feiras, antes de dormir, contavam as aventuras do fim de semana com requintes de detalhes, uns poucos tinham uma namorada fixa, feito o Tadeu, o resto contava de uma garota por semana essa coisa virou uma obrigação, contar as aventuras para os amigos era como contar as façanhas do futebol.
Indo pra Pinheiros, nos empolgamos e acabamos fazendo bagunça no Buzão, o motorista parou na Paineira e fez menção de que ia chamar a polícia no posto que ficava ali, como ele havia trancado as portas, pulamos pela janela e sumimos, cada qual por um lado, esse foi o dia que eu corri mais que o Valdevino, que era recordista dos 100 metros rasos.
Dei um balão e saí na estação de trem, quando cheguei à Chic Show já estavam todos na fila e entramos no salão, uns 70 graus de temperatura justificavam o apelido do salão..."Panela de fritar macaco", antes de começar as coreografias do nosso grupo, uma cervejinha caia bem, metemos as mão nos bolsos e vimos quantas garrafas vinham...estupidamente gelada.
Cada um com seu bolinho e cada bolinho com passos ensaiados, entrar em rodinha alheia era crime e o infrator tomava cambau.
No nosso sagrado círculo, uma menina passou, é claro que meninas não tomavam cambaus e, cavalheiro que sempre fui, enlacei o braço dela ao meu e a conduzi pra longe daqueles selvagens, no meio desse caminho as luzes se amorteceram e começou a sessão de lentas e, já que a tinha, virei-a de frente pra mim...meus olhos jamais tinham visualizado uma beleza assim.
A pele da garota era negra e brilhava na profusão das luzes, nos olhos rasgados e pequenos tinham traços orientais, a boca era vermelha de batom e grossos lábios convidavam, um nariz perfeitamente pequeno, as covinhas apareciam nas bochechas quando ela sorria, um anjo, de longe, a mais linda moça que eu havia visto nos meus longos 14 anos, me lembro de esfregar os olhos pra me certificar de que não se tratava de miragem.
Dancei uma, duas e como ela não fazia questão de desapartar de mim, me deixei durante toda a playlis de lentas.
Esqueci-me dos amigos por completo, mesmo na hora dos Funk’s, ficamos agarrados, num beijo que só acabou quando o baile se findou.
Na saída, comuniquei aos amigos que ia levar a dama pra casa.
_aonde você mora, princesa?
_Morro do Querosene.
Estava tão encantado com a beleza da moça que, resolvi ignorar a pontada que me veio, quando ouvi o nome do bairro dela.
_Beleza, vamos conhecer um bairro novo.
Durante a viajem dos dois buzões, o beijo continuou, nem vi onde entramos, só pensava que ia me dar bem.
Subimos um escadão, uns caras mal-encarados estavam em frente da casa dela.
_. Quem é o playboy? Perguntaram os sujeitos.
Playboy, eu??tive vontade de brigar, mas não ia, por nada nesse mundo, por a perder o meu troféu, ignorei.
Os pais dela não estavam em casa e, prontamente me mandou sentar no sofá da sala, foi ao quanto e jogou um som no ambiente, instintivamente bati a mão no bolso da calça, pra conferir, estava lá o preservativo, respirei aliviado.
Ao som da melodia, ela se sentou ao meu lado e nos acariciamos por longo e tranquilo tempo._Ah, eu hoje vou me dar bem.
Enquanto beijava, acariciava lhe as partes íntimas e ela gemia aos meus ouvidos, eu me sentia o cara mais feliz da face da terra.
Sábio mesmo é aquele ditado que diz que "Alegria de pobre dura pouco".
Repentinamente aquele anjo se levanta, tira a blusa e a calça e diz:
_isso só vai funcionar de verdade, se me bater.
Eu ouvi claramente, mas perguntei, pra ela confirmar que eu havia entendido errado, pra minha desgraça ela confirmou e, enquanto pedia uns tapas, tirava o que restava das roupas.
Muito triste, mas resoluto, levantei-me, arrumei as calças e saí daquela casa.
Estava com tanta raiva que, se tivesse encontrado aqueles que me chamaram de playboy, os teria feito engolir as palavras, durante a volta pra casa, ecoavam as palavras da Rúbia em minha mente: "Nunca tratar mal a uma mulher" essa promessa fora feita na Casa de Infância, quando eu tinha 8 anos.

É claro que contei aos amigos, essa desventura e, é claro que virou a piada preferida da nossa turma.