terça-feira, 26 de abril de 2016

Questão de sorte.


Questão de sorte.
Em 1991, eu trabalhava na Usina de Traição, um posto da Eletro-Paulo e a Avenida Ayrton Senna se chamava Avenida Janio Quadros.
Nelson Mandela havia acabado de ser libertado e o governo do estado de São Paulo o recebeu com honras de chefe de estado, por questões de segurança, o itinerário da comitiva não foi divulgado, pela televisão o vimos chegar e nos contentamos com tal honra.
Não existia um ônibus que fizesse o caminho de Pinheiros até a Ponte João Dias, onde se localiza a Usina, portanto eu tinha que descer na Paineiras e fazer esse caminho de seis Kilometros, beirando o muro do Jóquei Clube, na sola.
Quando ouvi a sirene dos batedores, já estava no meio fio que separa as duas pistas da avenida, o semáforo fechou e a minha ficha caiu, dentro da Limusine negra estavam o futuro presidente da África do Sul e a esposa.
Do lado esquerdo do carro, o meu lado, a esposa Winnie apoiava o cotovelo na janela e segurava a porta com a mão esquerda, em seu dedo médio reluzia um anel de ouro que ostentava uma enorme pedra azul.
Motos da PM à frente e atrás do carro e eu estava a menos de dois metros, alguns passos firmes e fiquei ao lado da Limusine e como alguém que não perde a chance que cai do céu, me curvei, peguei a mão da Winnie e beijei, o simpático Mandela sorriu e eu o cumprimentei inclinando o corpo na Angola.
Diante da cena, não restou aos seguranças nada, além do sorriso cúmplice e o coçar de cabeça... e o sinal ficou verde e a vida continuou.
Existem coisas e fatos, que a sorte trás que soam como inacreditáveis, a sorte não manda dinheiro, ela te preserva e te mostra que a vida é só uma questão de estar no mundo em paz.
Quando o Adilson (Ovinho) foi encontrado por sua família, contou-lhes que, eu era o amigo que sempre o consolava nos piores momentos de solidão, ele não se conformava por ser órfão, nos domingos de visita sempre saíamos em aventuras.
Fui visitá-lo em sua nova casa e a irmã me disse:
_Vou compensá-lo por aliviar a dor do meu irmão.
Chamava-se Claudia e era empresária do ramo artístico, tinha uns 25 anos e uma beleza invejável, eu disse que fiz o que um amigo faz e dei de ombros.
Quando a banda Earth, Wind and Fire foi trazida ao Brasil pela Chic Show, contou com o apoio de uma jovem empresária paulista.
Eu jogava bola no campo do 14, quando me gritaram do barranco:
_Tem uma mulher linda, num Porshe te chamando, Niltão.
Corri e subi o barranco e vi a Claudia na área do pavilhão, tinha uma sacola de Shopping nas mãos.
_Vai se lavar e veste essas roupas, que hoje te pago a dívida do meu irmão.
E foi assim, que o cara mais pobre do mundo, assistiu ao show da maior banda de todos os tempos, em cima do palco do Anhembi.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

De histórias e lendas.


Saber ensinar é uma arte e isso não depende de se ter um diploma ou um registro em carteira.
Sempre disse que aprendemos mais coisas da vida com funcionários simples do Educandário Dom Duarte que com as pessoas que ganhavam para educar de fato, vou mais além, muito do que eu aprendi sobre a vida, veio de pessoas sem qualificações e com os meus amigos menores.
Se as mães dos internos soubessem, o que de fato, alguns laristas faziam, iam preferir jamais expor os filhos aos cuidados dessas pessoas.
Aos fins de semana, em dias de manutenção da piscina e de ausência de jogo do Grêmio, costumavam os internos reunirem-se no espaço que ficava entre a piscina e o lago, as arvores davam a sombra e os meninos pulavam em seus galhos, uns só ficavam na grama baixa, ouvindo a música que vinha dos alto-falantes do teatro.
Por ser um território neutro, é fácil de imaginar que o grupo fosse constituído por internos de quase todos os pavilhões, dois ou três de cada, ficavam ali, brincando de esconde ou de pega e, por vezes, de bobinho, sempre se achava uma bola.
Quando o açúcar baixava, sentavam ou deitavam-se na grama e alguém puxava um assunto.
E então, vinham histórias de lances miraculosos no futebol, histórias de assombrações, de internos fujões ou de violência extrema praticada por algum larista carrasco.
Via de regra, cada um contava coisas acontecidas em seus pavilhões, a história começava na boca de um narrador e o amigo ia concordando e terminando a história, ao término dessa, vinha outro e contava a sua, o amigo do mesmo pavilhão concordava e corrigia os demais ouviam atentamente até o final.
Algumas dessas narrativas não tinham uma época precisa, falavam de um tempo remoto, coisas de pessoas e fatos de 30 ou 40 anos passados, já eram lenda.
Sempre gostei de histórias, mesmo que elas fossem lendas.
Numa tarde, o Claudinho do 16 contou uma que chocou a todos e essa era verídica, já que, parte dos personagens dela ainda viviam no Educa...
O Bambuzinho do 16, já era um meninos crescido, bem provável que tivesse uns 12 anos de idade e sofria de incontinência urinária, quase sempre amanhecia com o colchão molhado.
O chefe do pavilhão, seu Alcides resolveu corrigir o problema de uma vez por todas.
Às 4:30 da madrugada, depois de constatar que o menino já havia urinado na cama, acordou todos os outros e foram para frente do pavilhão, o Bambuzinho teve que, num frio de rachar, tomar banho gelado e ficar nu encostado na parede.
O chefe ordenou que os outros meninos formassem uma fila indiana, todos tinha que passar e dar um tapa no rosto do infrator, caso alguém se recusasse, tomaria o lugar dele.
E, sob o olhar atento do carrasco, começou o deprimente espetáculo, alguns dos meninos da fila cuspiam na mão pra acertar com gosto, gelado e humilhado o garoto não soltava um ai, a cada tapa se ouvia o som da pancada.
Na metade da fila estava o Francisco, enquanto seguia a fila ele não se preparava pra bater, os olhos fixos no menino que apanhava e não emitia qualquer som.
Quando chegou a vez do Francisco a fila parou e um silencio se fez, as mãos ainda abaixadas a olhar o amigo que já não sentia a dor.
O carrasco gritou que ele não passava de um covarde, ele balança a cabeça negativamente e, para o espanto de todos, empurra o Bambuzinho e assume o lugar dele, isso nenhum covarde faria.
Contrariado na sua autoridade, o Alcides suspende a sessão de tortura e chama-o pra dentro.
Grita, ameaça e o chama de covarde e o Francisco não fala nada, só discorda com o seu balançar de cabeça, vendo que o marido está perdendo a razão, a esposa dona Maria entra na conversa e, sem qualquer aviso acerta um tapa no rosto e, ainda que lhe deixasse tonto pela surpresa, o garoto não chora.
_Ficou sem café da manhã por uma semana esse foi o castigo.

Arrematou o Claudinho e, ao fim da narrativa seus olhos brilhavam de orgulho, enquanto os ouvintes aplaudiam.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O papel de paredes


Essa foto do pavilhão 24 roubei na maior e fiz dela, capa do meu blog.
Suponho que ela tenha sido feita pelo amigo Chêpa, no mesmo dia que fui visitar o colégio pela última vez.
Quem vinha da curva da igreja, tinha essa visão panorâmica, se via num plano mais alto e havia uma fileira de pavilhões, o primeiro da fila era o 24 e, se podia vê-lo de lado, imponente mesmo, feito um papel de parede.
Quando cheguei ao Educandário Dom Duarte, integrava uma turma, ela era constituída de meninos vindos da Casa de Infância, nos reuníamos pra relembrar a antiga morada e passear em todas as áreas e aprontar.
Sempre alertas, ao ouvir o barulho peculiar do fusquinha do irmão Domingos, saíamos da estrada e nos escondíamos no mato.
Vinham, eu, o Oscar do 14 e o Fabiano do 12 e juntavam a turma, o Paulo e o Valdir Lustosa descíamos a estrada e a turma ia aumentando, do 21 vinham o Xodó, o Ratinho e o Djalminha, do 19, vinham os Alaor e o Sena.
Quando não saíamos em aventuras, ficávamos de bobeira no lago da olaria ou batendo bola no campo de cima.
Sempre a lembrar com saudades da madre Brasil, todos a dizer que ela tinha uma predileção por cada um deles, tudo mentira deles, ela gostava mesmo era de mim.
Essas aventuras aconteceram em quase todos os fins de semana do ano de 1977 e a turma foi desfeita no começo de 1978, quando o Alaor foi vítima daquela tragédia que ficou na história do EDD.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Guardada as devidas proporções.


Diz a lenda que, Muhammad Ali, ao derrotar o tanque George Foreman, cumpriu uma velha profecia africana, no exato momento em que ele ergue os braços ao céu, com o derrotado a seus pés, pingos de chuva se precipitam e, já não chovia no Zaire havia 13 anos, no estádio, a torcida comemorava a vitória do herói e a chuva tão esperada.
Então Muhammad Ali, efetivamente fez chover, isso o povo do Zaire vai afirmar com certeza, passará centenas de anos e o fato não será esquecido.
Bom, aquele negão era malandro e, sendo ele à época, a pessoa mais popular do planeta, posto que, andava cercado de reis, empresários, presidentes e Beatles, não é muito difícil imaginar que tivesse amigos na NASA, o que explica o fato de ele ter marcado a luta pra aquele lugar da África e, como era doutrinador, deu o golpe fatal, segundos antes do tempo previsto para a chuva.
Mas tudo bem, se diz a lenda que Ali fez chover, eu aceito, essa é uma linda história.
O Valdevino não era ídolo no planeta, só era conhecido nas imediações do Educandário Dom Duarte e arredores, mas, guardada as devidas proporções, era o nosso ídolo e, numa tarde de inverno fechado, fez o sol brilhar.
O ano era 1978 e todos que se lembram desse ano, ão de se lembrar de que foi um inverno muito rigoroso, por conta disso, as aulas no Attiê foram suspensas.
Cuidava do meu time e fui ter com o Mello, que morava na Santa Barbara, perto do final do João XXIII, querer jogar eu não queria, mas já havia marcado semanas antes e tinha que cumprir o combinado, não se esqueça de que eu era um guri chato.
Quando cheguei à casa do Mello, encontrei-o cheio de dedos e com medo de me dizer o que havia acontecido, apertei-o e ele me disse que um tal de Daniel disse que o jogo só seria realizado se ele participasse.
O Daniel tinha o apelido de Maconha, além de ser maior de idade, andava na famosa gangue do Pivete, o ladrão mais temido da região.
Tendo a liberdade de desmarcar o jogo, não o fiz, julguei que aquilo fosse desaforo... é, eu disse que era um guri chato.
Empenhei a palavra e fui ter com os amigos, encontrei o Viana, o Feliz e o Fabiano, que conversavam amenidades na bifurcação entre o 12 e o 14.
Contei-lhes o ocorrido e disse que ia dar um jeito na situação, nesse instante, sai do bananal do 12 o Lourival e uma luz me veio à mente:
_ Ô Lourival, o Valdevino está no pavilhão?
Ele acenou que sim, puxei-o pela camisa e fomos pelo fundo do 12, os dois pastores alemães vieram em minha direção e o Lourival os acalmou feito isso gritou o nome do amigo.
O Valdevino ainda não fazia parte do meu circulo de amizades, expliquei-lhe a situação com muita calma, ao fim da minha explicação fiz o pedido e, é claro que ele aceitou, antes tinha que se recuperar da lesão e me mostrou o tornozelo direito inchado.
Nesse ponto, vou dar uma pausa na narrativa e explicar um fenômeno peculiar do Educa, dá-se a isso o nome de "fominha", é aquele jogador que, mesmo em coma, não sai de campo.
Todos os internos do Educa eram fominhas, todos, sem exceções... os craques eram mais. 
Era uma segunda-feira, eu e o resto do time acendemos velas na intenção da recuperação do Valdevino.
O amigo tinha 15 anos, a nossa faixa de idade era 11 e 12 anos, o jogo seria às 16:00 horas, quando saímos, ele ainda estava na gráfica, na Eiras Garcia o vento gelado cortava a alma, tremíamos de frio e de medo de que o Valdevino não viesse pra nos ajudar.
Quando chegamos, o adversário já estava em campo, se aqueciam pra evitar o frio, um terreno baldio na Rua Santa Barbara seria o cenário da contenda, entramos tremendo, feito ovelhas que chegam ao matadouro, além do Daniel, havia outro mais velho no time deles.
Juntei o time e disse:
_Vamos segurar até o Valdevino chegar... se ele chegar.
As nuvens negras se mostravam no céu, uma fina garoa se precipitava e o vento gelado a espalhava entreguei o nosso dinheiro pro Mello e ele me mostrou o dinheiro deles.
O jogo começou e os dois mais velhos dominavam o jogo, ficamos na defesa, ainda que, a diferença de corpo e de idade deixasse a situação muito desigual, fomos valentes e no primeiro tempo eles só marcaram dois gols.
Intervalo, a vizinhança toda estava presente e riam, pela primeira vez em suas vidas, estavam vendo um time do Educa sendo arrasado, olhamos em volta e toda a extensão do muro que cercava o terreno, bem como as lages e os barrancos da vizinhança estava tomada de torcedores hostis.
O juiz apitou e a bola era nossa, a bola foi tocada pra mim, eu a recolhi e a levei pra defesa, repentinamente o sol rasgou a nuvens negras e se mostrou, olhei pra entrada e vi o Valdevino entrando no terreno, chutei a bola pra fora e pedi tempo, jogo parado, quando passei pelo Daniel e o outro mais velho, vi o pânico nos olhos deles, a torcida, que conhecia o amigo silenciou, tirei a minha camisa e joguei pro Valdevino, o sol só durou meia hora, o tempo exato que duraria a segunda etapa, inacreditavelmente, o Valdevino fez sete gols, sob a vigília atenta do sol.
Quando acabou o jogo, saiu correndo. , disse que tinha um partida de futebol de salão na quadra do Etchegoyen.

domingo, 3 de abril de 2016

Mais um ponto na história.


Dificilmente o antigo morador do Educandário Dom Duarte, ou dos arredores do colégio, irão dissociar de suas memórias, os buzões laranja da viação Castro.
Tirando a CMTC, que pertencia à prefeitura, a Castro era a única linha que servia os moradores da região e ficou marcada como uma empresa forte, em tempos de greve geral a Castro não parava.
Mais que um simples condutor, os motoristas tinham a obrigação de serem pilotos.
Nesse tempo, a rodovia Raposo Tavares não contava com os retornos, que hoje estão localizados no Kilômetros 15 e 20.
Era uma pista de alta velocidade, na altura do km 21, alguns metros além de FEBEM, havia um espaço no guard rail, entre as duas pistas e esse era o único jeito de se passar de uma pista a outra.
Lá pelo km 18, o motorista começava a acelerar, todos torciam para que nenhum carro estivesse na pista contrária, em altíssima velocidade se fazia uma curva rápida e entrava no buraco, isso fazia o ônibus ter uma grave inclinação, quase chegando ao tombamento, às rodas da parte esquerda saiam do chão e os usuários pendiam pro lado direito, assim que as rodas se ajeitavam, o primeiro ponto era o da FEBEM, daí em diante, uns seguiam até a FOSECO, indo pra Vila Borges e outros subiam a Flamengo, chegando ao Jd Arpoador e João XXIII.
Então, chegar a casa não era um simples passeio, era uma aventura.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O quadro


Fiquei mesmo bolado com aquela postagem do casal de monstros do 14, pensei até em excluir aquela postagem, quase o fiz, porém, num outro blog achei um comentário de um ex-interno do Educa que dizia:
_Sofri muito lá, apanhava muito do Odilon e dona Ana Saback Gomes.
Isso mesmo, um nome pomposo e um caráter duvidoso... deixa a postagem lá, do jeito que ela está.
Não obstante, empatei o placar, contando a passagem do seu João e dona Helena, com a bela filha Lúcia e agora vou desempatar e abrir uma goleada.
O seu João já tinha certa idade e ficou por pouco tempo, se aposentou e foi pra Minas.
Nos fez muita falta e, de um larista pra outro, ficávamos sob a tutela do Luis Antonio.
O casal que veio depois, seu Claudio e dona Dulce, se tornou, pra nós, inesquecível.
O Claudio era desses caras que sorriem fácil e que ensinam conversando, olhando nos olhos, sem superioridade.
Toda tarde descia pro campo e jogava bola com os meninos.
A Dulce era quem mandava de fato, dessas mulheres totalitárias que veem tudo e tomam conta de todos, tinha o urro de uma leoa e a delicadeza de uma gata, além de ser muito bonita.
Cansei de chegar da escola em horário que, geralmente, estariam todos no campo e, estavam todos em reforço escolar, na área do 14, o Claudio esperava, com a bola nas mãos.
Ninguém sonhava em questionar o que ela falava nem os mais ativos ou revoltados,
Um dia, desceram uns internos do 17, disseram que havia um acerto de contas com uns guris do Taboão, passaram para nos convidar a tomar parte na peleja.
Lógico que nossos olhos faiscavam de desejo e, nos preparamos para acompanhar os vizinhos nessa empreitada.
A dona Dulce havia ouvido a conversa toda e saiu na área:
_É muito feio, isso de viver de violência.
A vontade passou na hora, seríamos capazes de qualquer coisa, menos de magoar a dona Dulce.
   Pior pros amigos do 17, depois ficamos sabendo que os pobres apanharam feito boi ladrão.
O seu Claudio era formado em engenharia e costumava pintar uns quadros que imitavam tendências cubistas, o que ele mais gostava era um de nudez, cuja modelo, havia sido a esposa.
Pendurou o tal quadro na sala, perto da porta do refeitório, para que todos pudessem visualizar a sua obra de arte.
Toda vez que eu passava, virava o quadro, algum tempo depois, eu voltava e a mulher do quadro estava à mostra, eu olhava em volta e tornava a virar o quadro, todo santo dia.
Um dia, fomos ao lago da olaria e o Claudio nos ensinou a usar a tarrafa, lua cheia, muito peixe.
A dona Dulce era nativa do litoral de Santa Catarina e nos preparava uma saborosa moqueca, enquanto ela estava na cozinha, ficamos sentados no refeitório, uns vinte guris e o seu Claudio, eu havia acabado de virar o quadro, ele olhou e disse:
_Já que, estamos todos reunidos, vou aproveitar e tirar uma dúvida com todos vocês...
O cheiro que vinha da cozinha inundava o pavilhão e nos fazia salivar, enquanto preparava a refeição, cantava uma canção de escravos, imaginei que ninguém prestava atenção na conversa do seu marido, ele prosseguiu:
_Qual de vocês, é que vira esse quadro a toda hora?
Os aromas dos temperos misturados à voz da cozinheira invadiam o ambiente e nos transportava pra outro mundo e o Claudio com aquela conversa mole, levantei a mão.
No mesmo instante percebi que todos os meninos, grandes e pequenos, haviam levantado à mão, todos se espantaram e puseram-se a rir.
Diante do espanto do larista, foi o Luis Sergio quem se pronunciou:
_Veja bem seu Claudio, temos a dona Dulce como a uma mãe, quem é que quer ver a sua mãe, nua na parede?