sábado, 12 de fevereiro de 2011

The Caesar what is Caesar


I never liked to criticize, to think I was lucky, if you look at the multitude of souls that were lost because of this management style, nothing that I suffered made me turn against the world, I was always aware of what had put me on that condition was the fact that I was an orphan and in this condition, I never aspired to something different, but during my life inside and outside the institution was a witness of the devastating consequences of such treatment, people who went straight to the boarding house of Detention.
Simply by not knowing ... live in society during his childhood and teenage years were not given any moral sense, to the contrary, during that time he was perfectly sure it was a pariah, or the most common cases of total unprepared for life in family and social, has many cases of former inmates who have become wanderers, and those who are mad for, of a sudden having to live his life alone.
I have no desire to sully the spotless name of the League of Catholic Women, who now goes by the name of Solidarity League, I think even, that there in their castles, luxury they could not know what happened in Educandário Dom Duarte, I would have to say that these ladies were not instigators of all the violence that happened there were others ... and in my opinion is much worse, since they made their names and the institution and did not realize that the people in charge of taking care of orphans (at most) were pedophiles, extremely violent and illiterate. Or will the Judge, the flag larista 14, who walked with a 38 waist and could not sign the name did not have to fill out a registration form to take care of 45 boys?
And some even to this slave labor in the Pottery, where, 10 years old I was carrying adobe bricks in a wheelbarrow and drop the case or to delay the production schedule, Luis Paulo, foreman (paid by the LSC) gave two cakes in each hand with a ruler, ornate wood and borracha.Vangloriava that the details of special rubber was not to mark the skin. Luis Paulo, Alias was one of those former inmates who could not live out of college and returned as an employee, in revenge for what we had suffered at the hands of criminals of his era.

A Cesar o que é de Cesar


Nunca gostei de criticar, penso até que tive sorte, se olhar a multidão de almas que se perderam por conta desse estilo de administração, nada do que eu sofri me fez virar contra o mundo, sempre fui ciente de que o que tinha me colocado naquela condição foi o fato de eu ser órfão e nessa condição, eu nunca aspirei coisa diferente, mas durante a minha vida, dentro e fora da instituição fui testemunha das consequências devastadoras deste tipo de tratamento, pessoas que saíram do internato direto pra Casa de Detenção.
Pura e simplesmente por não saberem viver em sociedade...durante a sua infância e adolecência não foi lhe dado qualquer noção de moral, até pelo contrário, durante esse tempo ele teve plena certeza que era um pária, ou os casos mais comuns de total despreparo para a vida em família e social, tem muitos casos de ex-internos que se tornaram andarilhos, e os que enlouqueceram por, de uma hora pra outra terem que viver sua vida sozinhos.
Não tenho a intenção de sujar o imaculado nome da Liga das Senhoras Católicas, que hoje atende pelo nome de Liga Solidária, creio até, que lá nos seus castelos de luxo, podiam nem saber do que acontecia no Educandário Dom Duarte, aí eu teria que dizer que essas senhoras não era mandantes de todas as violências que aconteciam ali, eram alheias...e na minha opinião é muito pior, posto que, faziam seus nomes e da instituição e não se davam conta que as pessoas encarregadas de tomar conta dos órfãos(na grande maioria) eram pedófilos, extremamente violentos e analfabetos. Ou será que o Odilon, o larista do pavilhão 14, que andava com um 38 na cintura e não sabia assinar o nome não teve que preencher uma ficha cadastral para cuidar de 45 meninos?
E ainda some-se a isso o trabalho escravo na Olaria, onde, com 10 anos eu carregava tijolos crus, num carrinho de mão e caso derrubasse a produção ou atrasasse o cronograma, o Luís Paulo, capataz ( pago pela LSC) dava dois bolos em cada uma das mão, com uma palmatória, toda ornamentada de madeira e borracha.Vangloriava-se de que os detalhes de borracha era especial para não marcar a pele. O Luís Paulo, alias foi um desses ex-internos que não souberam viver fora do colégio e voltou como funcionário, para vingar em nós o que tinha sofrido na mão dos malfeitores da sua época.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

The house


He had survived the first battle (with some bruises, of course ...) but with moral enough to admire me and were afraid of me, time was good, no witty come close without fearing that I snap, ran to the mouth girl that the new era touched.
The consequence was that on January 17, 1977 I met the leather strap 14 and the head of that night in the cold, while the inmates slept their sleep without guilt, punishment, and I Maninho we stood in the corridor under the attention of the vigilant until 4:30 in the morning ... and this was only the first day.
We begin the punishment at 7:00 pm, this was the time we sleep we collected at the beginning looked at each other angrily, my swollen eye and bruises left by the belt burned, but I had to keep the attitude of defense and show that they had come.
With each passing hour it was tiredness in both slaughtering and lowered his shoulders, what was weak and the challenge now was going to sleep, slowly wiping out our courage, that she hurt my eye, his nose Ibid.
Suddenly we heard a roar ... we look to the chair, around the corner and was there, the security guard (who was brother of the Judge), napping ... sat as the sleep he was arching his head forward,Suddenly he recovered and returned to its original position, sleep came and the head fell, almost hitting the table and back again, all this noise roncando.Sem sat down, the ground was very cold and my wounds hurt, upset the middle Maninho did the same, we feel aliviados.Descansamos as we delighted with the scene-mos.
But it was short lived, this time off, one of the hikes he turned his head to look at us, he was staring at us, but the pupils were absent, as if he were cross-eyed, turned a blind eye and fell on top of it alltable, the noise was estrondante, he got up frightened, broke his neck on the wall, fell at the chair, which turned, sprawled on the floor and the table fell on him.
I swear I did not laugh all for one, caught it, not to laugh but did not give these things (he and I), a belly laugh, while the guard gathered himself, we hugged, We ended up laughing.
That is how justified the beating of the second strap that I and my friend took together on the same day (not counting the one we gave in the other) ... Simba, who later became Viana.
Viana, who until his death, exchanging shots with police in 1982, was my best friend.

A casa


Tinha sobrevivido a primeira batalha, (com alguns hematomas, é claro...) mas com moral suficiente para que me admirassem e tivessem medo de mim, por hora estava bom, nenhum espertinho chegaria perto sem temer que eu revidasse, corria à boca miúda que o novão era meio doido.
A consequência disso foi que no dia 17 de Janeiro de 1977 eu conheci a cinta de couro do chefe do 14 e naquela noite de frio, enquanto os internos dormiam seu sono sem culpa, de castigo, eu e o Maninho ficamos em pé no corredor, sob a atenção do vigilante até as 4:30 horas da manhã...e esse era só o primeiro dia.
Começamos no castigo as 7:00 horas da noite, essa era a hora que nos recolhíamos para dormir, no começo entreolhamo-nos com raiva, meu olho inchado e os vergões deixados pela cinta ardiam, mas eu tinha que manter a atitude de defesa e mostrar que se viesse tinha.
Com o passar das horas o cansaço foi nos abatendo e ambos baixamos os ombros, o que antes era desafio agora era fraqueza e o sono ia, aos poucos aniquilando nossa valentia, imaginei que se meu olho doía, o nariz dele idem.
De súbito, ouvimos um ronco...olhamos pra cadeira, no canto do corredor e estava lá, o vigilante(que era irmão do Odilon), cochilando sentado...à medida que o sono vinha ele arqueava a cabeça para frente, de repente ele se recuperava e voltava na posição original, o sono vinha e a cabeça caía, quase batendo na mesa e voltava de novo, tudo isso roncando.Sem fazer barulho me sentei, o chão estava muito frio e minhas feridas doeram, meio contrariado o Maninho fez o mesmo, sentimo-nos aliviados.Descansamos, enquanto nos deliciava-mos com a cena.
Mas durou pouco, esse momento de folga, numa das subidas de cabeça ele virou o olhar em nossa direção, ele nos mirava, mas as pupilas estavam ausentes, como se ele fosse estrábico, tornou a fechar os olhos e caiu com tudo em cima da mesa, o barulho foi estrondante, ele levantou-se assustado, bateu a nuca na parede, caiu sentado na cadeira, que virou-se, estatelou-se no chão e a mesa tombou em cima dele.
Eu juro que fiz de um tudo pra não rir, travei tudo, pra não rir, mas não deu, dêmos (eu e ele), uma sonora gargalhada, enquanto o vigilante se recompunha, nós, abraçados, acabava-mos de rir.
Foi assim que se justificou a segunda surra de cinta que eu e o meu amigo tomamos juntos no mesmo dia(sem contar a que demos um no outro)...Maninho, que mais tarde se tornaria Viana.
Viana, que até a morte dele, trocando tiros com a policia em 1982, foi o meu melhor amigo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

The first war


As a child I had a habit of comparing any change in my behavior with a war, every one of them (and not a few) was vital for my survival, some even to assert my position with regard to everything in my life, other me led to evolution as a man ... that was the largest of them, I shook, I had quite a fight up there ... it was even good at it, but never like suicide, as now appeared.
I was 10 and skinny, was not very tall for my age ... that beast I was about to face was about 12 years, was on his land, surrounded by his friends, a small body at twice the mine and ... have you actually viewed the difference between a boy of 10 and another 12 ... or give to compare.
As the man gave our clothes from the wardrobe, I noticed that the first attempt to impose myself had had no effect whatsoever, I would say it had gone terribly wrong, because the boy had not gone too drubbing because of the head to be near us and heseemed to snort with rage.
I learned that from that one moment all my clothes have been stamped my registration number, a stamp with three digits in the shirt collar, the inside of the pants, in shorts and panties ... in my name, for all effect was 152.
At this point, the boys who were playing behind the flag and accompanied us already knew that had come loose a new e. .. of course sniffed the harangue that was approaching, when we entered the corridor that led to the third bedroom to see our bed and our closet, without most people noticing, the unfortunate boy put his foot in front so I could not fall down ... but the audience laughed, had no turning back.
Lunch was rice and beans with potato and liver during the meal and he threw me another 3 beans and hidden riam.Um them to finish the meal as it passed over my desk kicked my chair, some kids were laughing, and others seemed unaware of other supportive, looked with admiration for my look impáfia, or was the same.
When we were resting for lunch in front of the pavilion continued threats ... I was sitting next to my brother, in the shadow of foot uvalha, the boys laughed provocative, thought I'd start the fight right there when the Savior, a boy older than us and at times was often their chief, came up with a ball capotão, calling us all to play football.
There was one who did not want to hit a ball, went to the field of 14, was just across the road that was going down the slope and 18 (the field of 14 was the most envied of all fields of flags of EDD) between the manioc 14 and the Japanese garden at side, feet on the headboard and avocado jungle of pottery, had a hint of arena, it was lower than its four delineate, either side could feel a grandstand.
The descent to reach the camp was steep, descent in Indian file, has already picked the teams in the fall, remember hearing someone say that the new boy would play in your time.I wanted to be indignant about it, looked back, but it was late, I was hit with a punch in the neck ... that was the plan, I jumped on him before he knew what had hit, grabbed her arms with my knees and struck a 3 punches, a few boys I held his arms he took advantage and grabbed me by the throat, elbowed, was dazed and bleeding, he never expected what would happen in the hands of the boys I waited for the right moment, he approached my face, clenched her fists I used the close, he threw a punch, but was later straightened the body, legs braced myself, I designed my head, my forehead hit the nose ... he dropped the boys that were holding me succor him

A primeira guerra


Quando criança eu tinha o habito de comparar qualquer alteração de meu comportamento com uma guerra, cada uma delas(e não foram poucas) tinha importância vital para minha sobrevivência, algumas até para afirmar minha posição, com relação a tudo na minha vida, outras me levaram a evolução como homem...essa era a maior delas, eu tremia, eu já havia brigado bastante até ali...era até bom nisso, mas nunca havia parecido suicídio, como agora parecia.
Eu tinha 10 anos e magro, não era muito alto para a minha idade...aquela besta que eu estava prestes a enfrentar tinha uns 12 anos, estava no seu terreno, rodeado de seus amigos, um porte físico equivalente ao dobro do meu e...você já realmente visualizou a diferença entre um guri de 10 e outro de 12...nem dá pra comparar.
Enquanto o rapaz da rouparia entregava nossas roupas, notei que a primeira tentativa de me impor não tinha surtido efeito algum, eu diria que tinha dado muito errado, pois o garoto ainda não tinha partido pra pancadaria pelo fato do chefe estar perto de nós e ele parecia bufar de raiva.
Fiquei sabendo que apartir daquele momento todas as minhas roupas teriam o carimbo de meu numero de cadastro, um carimbo com 3 algarismos, na gola da camisa, na parte de dentro da calça, nos shorts e nas cuecas...meu nome, para todo efeito era 152.
Nesse ponto, os meninos que estavam brincando atrás do pavilhão já nos acompanhavam e sabiam que havia chegado um novão folgado e...é lógico farejavam a arenga que se aproximava, quando entramos no corredor que dava para os 3 dormitório para conhecer nossa cama e nosso armário, sem que a maior parte das pessoas percebesse, o infeliz do menino colocou o pé na frente para que eu pudesse cair...não cai, mas a audiência sorriu, não tinha mais como voltar atrás.
O almoço foi arroz com feijão e fígado com batata, durante a refeição ele e mais uns 3 me atiraram grãos de feijão escondidos e riam.Um deles, ao terminar a refeição, quando passava pela minha mesa chutou a minha cadeira, uns meninos riam, outros ignoravam e outros pareciam solidários, olhavam com uma certa admiração para o meu olhar de impáfia, ou era dó mesmo.
Quando estávamos descansando do almoço, na frente do pavilhão as ameaças continuavam...eu estava sentado ao lado do meu irmão, na sombra do pé de uválha, os meninos riam provocativos, pensei em começar a briga ali mesmo, quando o Salvador, um rapaz mais velho que nós e que de vez em quando fazia as vezes de chefe, apareceu com uma bola de capotão, chamando-nos a todos para jogar futebol.
Não teve um que não quisesse bater uma bola, fomos ao campo do 14, era só atravessar a estrada que ia pro 18 e descer o barranco(o campo do 14 era o mais invejado de todos os campos do pavilhões de EDD) entre o mandiocal do 14 e a horta do japonês, na laterais, os pés de abacates na cabeceira e o matagal da olaria, tinha um quê de arena, pois era mais baixo que seus quatro delineares, de qualquer lado se podia sentir-se numa arquibancada.
A descida pra se chegar no campo era íngrime, desciámos em fila indiana, já se escolhiam os times na descida, lembro de ter ouvido alguém dizer que o novão jogaria no seu time.O menino quis se indignar com isso, olhou pra trás, mas já era tarde, eu o havia atingido com um soco na nuca...esse era o plano, pulei em cima dele antes que ele percebesse o que o tinha atingido, segurei seus braços com meu joelhos e desferi uns 3 socos, alguns meninos me seguraram os braços ele se aproveitou e segurou-me, pelo pescoço, deu uma cotovelada, estava aturdido e sangrava, jamais esperaria que aquilo pudesse acontecer, nas mãos dos meninos eu esperei o momento certo, ele se aproximou de meu rosto, fechou os punhos, usei a proximidade, ele deu um soco, mas era tarde, ajeitei o corpo, apoiei-me nas pernas, projetei minha cabeça, minha testa atingiu em cheio o nariz ele caiu...os meninos que me seguravam foram socorre-lo.

My school

was in January 1977, a cold morning that the van of the House of Children of the Child Jesus brought us, me, my brother Nilson, Helium, and the Donizeti Fabiano.Aparentemente a simple exchange of orphanages, completed 10 years and were relocated(this was the technical term for our own case). We were all orphans and as such, we had an owner, the juvenile court in the capital, under the auspices of the League of Catholic Women.
I remember being a cold Tuesday and I was even shaking with fear, always afraid of what I did not know, had slept the night before in a place I had gotten used to call home, since my mother had left us in a friend's house and not come back to see us I was in that orphanage, I knew I was going to Educandário Dom Duarte, so I completed 10 years, but hoped that would never come that day.
In places where a predominantly male population, has, by custom the practice of cannibalism, or to be more direct, where there is no woman, they are usually the weakest times of doing ... (Everyone thinks that the greatest fear of an orphan living alone ... big mistake, be violated leaves marks that last for life, ends with the morals of children and causes it to grow without esteem and security.
In fact, many children already have tendencies to homosexuality and this is just one more stimulus, more crazy ... not me, I had a plan on his sleeve.

Dom Duarte Educandário




It had everything outlined in the head, I would not be mom to none, was not part of my nature, I would falter in the first put into practice and would be the first dia.Descemos in Hall 14, I, my brother went to live there and Helium the Donizete and Fabiano went to 12, our neighbor to the flag.
From the outset we felt the hostility of new friends, some of the inmates surrounded the car with an air of curiosity, who was in another class uvalha foot came toward us, one of them was darkened as a menacing, wearing a shirt of battered Sao Paulo, with an obscene gesture scolded:
_Lá Comes the snow, eh new flesh!
The blood boiled at the time of testing I did not go with the guy's face, I thought he was drawn, took a deep breath, I felt that my brother had been cowed.
Farewell to the Paul, driver of the House of Children and Boys, the larista that alias liked to be called (head) was named Judge, was reputed to be bandit, had fun beating up children and making them work at hoe .
All information has been passed by two boys who came up to us in less than two minutes, and were the Spoc Téquinha.
The first traces of australoptécos had, without exaggeration the boy was identical to the natives of Australia, lived in an itchy nose voracity nervous when he was not snapping his fingers, his right ear was really like the character from Star Trek, the second was tall and had a peaceful air, those boys very dark and straight hair, talked to us, but looked at me, probably because I was the tallest of the trio, I learned at that moment that the gaze is a weapon andputs you in the lead early in the proceeding.
We were in the service area of the pavilion, from inside the left Odilon, looked at us with an air of disdain, she wore a dress slacks, wide waist and tight on the foot, a walker and a plaid shirt, had an accent from the northeast and limp of his left leg, gesturing as he spoke, one of those appeared gestured him 38 short barrel that held the leather strap.
I do not remember what he spoke, the visage of my revolver had made extinct survival whistle strong and I lost almost everything that he spoke in that animal momento.Fomos for laundry, always followed by the inmates, they followed us closely, like a ritual, some went to make friendship, some by curiosity, some to intimidate. (it is believed that when a person becomes intimidated by fear will be your slave for a long time, at least until she loses that fear, or discover that you is not it all). When we were in the wardrobe door with the boy's clothes I bumped into St. Paul at that time, defiantly opened my jacket and showed the great symbol of Corinthians

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Educandário Dom Duarte-A chegada



Tinha tudo esquematizado na cabeça, eu não ia ser mãezinha de ninguem, não fazia parte da minha natureza, no primeiro vacilo eu ia por em pratica e ia ser no primeiro dia.Descemos no pavilhão 14, eu, meu irmão e o Hélio, o Adalberto, o Gilberto e o Sebastião íamos morar ali, o Donizete e o Fabiano foram para o 12, pavilhão vizinho ao nosso.
Logo de saída sentimos a hostilidade dos novos amigos, alguns dos internos cercaram o automóvel com ar de curiosidade, outra turma que estava no pé de uvalha veio ao nosso encontro, um deles, o mais escurinho tinha um ar ameaçador, vestia uma camisa surrada do São Paulo, com um gesto obsêno ralhou:
_Lá vem os novões, carne nova hein!
O sangue ferveu na hora, de testa eu já não fui com a cara do sujeito, pensei que ele era o sorteado, respirei fundo, senti que meu irmão tinha se intimidado.
Despedímo-nos do Paulo, motorista da Casa de Infância e dos meninos, o larista, que alias gostava de ser chamado de (chefe) chamava-se Odilon, tinha fama de ser cangaceiro, se divertia espancando crianças e fazendo-as trabalhar na enxada.
Todas informações foram passadas por dois dos meninos que se achegaram a nós em menos de dois minutos, eram o Spoc e o Téquinha.
O primeiro tinha traços de australoptéco, sem exageros o rapaz era identico aos nativos da Austrália, vivia a coçar o nariz numa voracidade nervosa, quando não estava estalando os dedos, sua orelha direita era mesmo parecida com o personagem da Jornada nas estrelas, o segundo era alto e tinha um ar tranquilo, daqueles meninos muito escuros e cabelos lisos, conversava conosco, mas olhava-me nos olhos, provavelmente pelo fato de eu ser o mais alto do trio, aprendi, naquele instante que o olhar fixo é uma arma e te põe na liderança logo no começo do proceder.
Estávamos na área de serviço do pavilhão, de lá de dentro saiu o Odilon, olhou-nos com ares de desdem, usava uma calça social, larga na cintura e apertada no pé, um bamba e uma camisa quadriculada, tinha um sotaque do nordeste e mancava da perna esquerda, gesticulava enquanto falava, numa dessas gesticuladas apareceu-lhe o 38 cano curto que a cinta de couro segurava.
Não me lembro sobre o que ele discursava, a visagem do revolver havia feito os meus extinto de sobrevivência apitar forte e eu perdi quase tudo que aquele animal falou naquele momento.Fomos para a rouparia, sempre seguidos pelos internos, eles nos acompanhavam de perto, como se fosse um ritual, alguns iam pra fazer amizade, uns por curiosidade, uns pra intimidar.(acredita-se que quando uma pessoa se intimida por medo será sua escrava por muito tempo, pelo menos até ela perder esse medo, ou descobrir que você não é isso tudo).Quando estávamos na porta da rouparia o menino com a roupa do São Paulo me esbarrou, nesse momento, num tom de desafio abri a minha jaqueta e mostrei o símbolo grande do Corinthians...meio disfarçando, parei em frente do seu tronco e muito rápido, projetei o dorso contro o dele, no mesmo instante, ele caiu no chão, no chão quadriculado, ninguém entendeu nada, nesse momento entrou o Legú, o interno mais velho, que os meninos chamavam de mestre, só ele percebera a cabeçada, olhou pra mim, como quem se admira e, muito rápido desviou o olhar, deu a mão pro menino no chão, um calombo havia crescido na parte superior do olho esquerdo dele, já era um caminho sem volta.O almoço foi arroz, feijão com fígado e batata, assim seria toda terça-feira, depois da refeição o larista se recolheu, o bolo circulava em volta de mim, parte do plano havia dado certo, meu irmão e meus amigos foram esquecidos, o menino com a camisa do São Paulo, sugeriu que fossemos conhecer o campo, enquanto dizia isso, ria, um rizo de maldade, queria a briga, era uma questão de honra, em volta, os outros meninos ansiavam por briga.
  Sem ter como fujir daquilo, acompanhei eles, não era o medo, o que me fazia tremer, era o tempo que isso demorava, rezava pra tudo acontecer logo.Saímos e atravessamos a estrada que levava à igreja, na outra margem tinha um barranco, metade dos meninos na frente, meu rival no meio, eu atrás dele, a outra metade atras de mim, o campo do 14 ficava na parte baixa do barranco, de lá de cima até o campo, tinha uns 15 metro de descida, bati no pé do menino da frente, ele e o bando da frente desceram rolando, o bando de trás parou, eu corri de encontro aos meninos caídos e já estava em cima do menino, dando nele com os punhos fechados, rapidamente formou-se uma roda a nosso redor.Sob o olhar atento da assistência, seguimos trocando socos, cansados paramos de bater e nos agarramos, meu plano tinha dado errado, aquele guri não parava por nada, eu ia pedir água, nesse instante me puxaram do chão, alguém havia chamado o chefe, com dificuldades descia para nos ver, a roda se abriu e ele passou.
  _Quem começou essa merda ? perguntou.
  Dei dois passos à frente, o guri deu três, dei mais um, ele fez o mesmo.
  _Ilha o que temos aqui, dois valentões.
  Olhei pra ele, que tinha os dois olhos roxos, os olhos deles se fixavam nos meus, meu nariz sangrava, muito cansado sentei-me e ele permaneceu em pé, determinando que teria mais.
  Fomos levados ao paiol, deram duas enxadas em nossas mãos, o eito que carpimos nessa tarde, passou de 2 quilômetros e, à noite ficamos no corredor até as 3:00 da madrugada.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Meu colégio


foi em Janeiro de 1977, numa manhã de frio que a Kombi da Casa de Infância do Menino Jesus nos trouxe, eu, meu irmão Nilson, o Hélio, o Donizeti e o Fabiano.Aparentemente uma simples troca de orfanatos, completamos 10 anos e fomos remanejados(esse era o termo técnico, próprio para o nosso caso).Éramos todos órfãos e como tal, tínhamos um dono, o Juizado de menores da capital, sob os cuidados da Liga das Senhoras Católicas.
Lembro de ser uma terça-feira gelada e que eu tremia mesmo era de medo, sempre tinha medo do que eu não conhecia, na noite anterior havia dormido num lugar que eu tinha me acostumado a chamar de lar, desde que minha mãe nos abandonara em casa de uma amiga e não mais voltara para nos ver eu estava nesse orfanato, sabia que eu iria para o Educandário Dom Duarte, assim que eu completasse 10 anos, mas torcia para que nunca chegasse esse dia.
Em lugares onde predomina uma população masculina, tem-se, por hábito a prática do canibalismo, ou pra ser mais direto, onde não existe mulher, é praxe o mais fraco fazer as vezes de...(Todo mundo pensa que o maior medo de um órfão é viver sozinho...grande engano, ser violado traz marcas que perduram pro resto da vida, acaba com a moral da criança e faz com que ela crêsca sem estima e segurança.
É fato que muitas crianças já tem tendências ao homossexualismo e isso não passa de mais um estimulo,mais maluco...comigo não, eu tinha um plano na manga da camisa.