segunda-feira, 25 de julho de 2016

Os internos debilóides por Angela Sales Camargo Victorino

O ano era 1978, eu e minha família havíamos nos mudado para o Educandário no ano anterior, o qual eu ficara sem poder estudar, pois já não havia como ingressar na escola pelo fato de já estar no meio do ano letivo. Somente no ano seguinte é que minha mãe conseguiu me matricular na EEPG Luiz Elias Attiê.
Eu não sabia que a escola era composta em sua grande maioria por internos do Educandário Dom Duarte Duarte, mas minha mãe achou que seria bom para mim, por ser mais próxima de minha casa.
Eu era muito tímida e qualquer coisa me constrangia, então não sabia o que me esperava no primeiro dia de aula, tinha muita dificuldade em me relacionar com outras pessoas e muito medo do desconhecido.
No primeiro dia de aula, eu fui alertada quanto aos meninos do EDD, mas que se eu tivesse algum problema que fosse falar com a Coordenadora, qual foi a minha surpresa no meu primeiro dia de aula? 
Conheci os dois internos mais doidos que poderia ver nos meus 11 anos de idade. Eram eles debochados e totalmente sem respeito às pessoas que estavam ao seu redor.
Assim que eles entraram na sala de aula, começou o alvoroço, era carteiras sendo jogada contra a parede, bolinha de papel assoprada no tubo da caneta esferográfica grudado nos meus cabelos e muitos palavrões que eu nunca tinha ouvido em minha pouca existência de vida.
Isso tudo no meu primeiro dia de aula, não bastasse o bulyng sofrido por ser uma das poucas meninas em sala, ainda tive que assistir o mais doido dos internos chamar a professora de negra e outros nomes horríveis de ser ouvido e pronunciado por um garoto. 
Pensem no meu desespero, queria sair correndo da escola, mas tive que ficar até o final da aula sem saber como seria o dia seguinte. Consegui ficar no Attiê exatos quatro dias insuportáveis. 
Quando cheguei em casa disse para minha mãe que naquela escola eu não estudava mais e expliquei o que acontecia na sala de aula por causa desses dois internos.
Minha mãe chegou a ir ao Attiê conversar com a Diretora, mas ela recomendou a minha mãe que me transferisse de escola porque eu não tinha o perfil para aguentar os internos do EDD.
Foi exatamente o que ela fez me mudou para a Guiomar Rocha Rinaldi, aí sim eu consegui continuar os meus estudos, sem a pressão psicológica dos demônios do Educandário Dom Duarte, por assim se comportarem esses dois malucos. 
Fiquei surpresa anos depois, em 1980 ao saber que os dois malucos eram amigos do meu namorado Nilton.
Quando eu e o Nilton Já estávamos namorando, os dois malucos em questão foram me apresentados formalmente por ele como Mattioli do 20 e Djalma do 15, eles nem se lembravam de que eu havia passado pelo terror de estudarmos na mesma sala de aula.
Hoje relembrando o fato eu sinto saudades desses déb. e lóid, pois acabamos por nos tornamos amigos e o passar dos anos e a vinda nossa para a Bahia fez com que perdêssemos o contato, principalmente do Edilson Mattioli, há 13 anos não consigo reencontrar esse grande amigo a quem meus filhos chamam de tio, e se por um acaso alguém souber notícias, por favor, digam a ele que nós o amamos muito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário