segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Ainda sobre a olaria...


Disse que estava lá, na exata hora que o André do 22 foi vitimado, no entanto, esse é um fato que eu abro mão de narrar.
Só queria ressaltar que ele foi vítima do descaso, de pessoas que ganhavam dinheiro e não se importavam com a segurança.
O seu Luis cansou de pedir pro Domingão providenciar uma tela que protegesse as formas de tijolos, dizia sempre que algum guri poderia se machucar.
Quando a máquina rodava na esteira e soltava o tijolo, deixava sempre uma pequena rebarba de barro, automaticamente os meninos tiravam essa rebarba, o próprio seu Luis tinha esse habito, dizia pro Domingão que seria um gasto insignificante, posto que, o Educa contava com uma serralheria, o diretor parou de passar na olaria, já que a cobrança do operador da máquina o aborrecia.
Importante também é falar da capacidade do interno de superar as dificuldades e fazer piadas das piores situações.
Perdeu três dedos o André, na época havia uma propaganda do Vila Rica que era protagonizada pelo craque Gerson, ele dizia:
_Leve vantagem, apenas sete cruzeirinhos. E mostrava os sete dedos das mãos.
Um dia, numa aula vaga, chovia e ficamos em sala e fizemos uma brincadeira, cada um ia de frente ao quadro negro e fazia algo que fosse digno de aplausos.
Uns faziam piadas, outros dançava e cantavam ou faziam mímicas, todo mundo muito fraquinho... chegou a hora do André, foi à frente e imitou o Gerson, falou tudo e na hora de dizer o preço, levantou as mãos. Mostrando os sete dedos restantes.

Arrasou, aprendemos que, a nossa alma é do tamanho que queremos que ela seja.

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